Caro leitor,
Se você está começando a investir ou já investe há algum tempo e deseja melhores resultados, você está no melhor lugar possível.
Aqui eu vou te ensinar 5 lições VITAIS para que você atinja os seus objetivos sem stress, decepções ou arrependimentos nos investimentos.
E com elas, você estará melhor preparado que 99% dos investidores pessoa física, seja para a bolsa, seja para a renda fixa.
Então vamos lá!
1 – Investir Errado é Fácil, Investir Certo é Difícil
Com algum preparo, investir é mais fácil do que parece.
Basta entrar na área de investimentos do banco ou abrir conta em alguma corretora e logo você terá acesso às plataformas para fazer os seus próprios investimentos.
Mas como investir sem erros? Sem ser na hora errada ou no ativo errado?
Pois é, investir BEM e ter resultados consistentes que façam o ato de investir valer a pena, é algo complexo que poucas pessoas físicas estão preparadas para fazer.
Olhe a imagem abaixo:

Aqui você vê um estudo feito pelo banco americano J.P. Morgan que mostra uma verdade pouco animadora sobre os resultados do investidor médio.
Ao longo de 20 anos, vemos no gráfico que o investidor de varejo teve apenas 1.9% de retorno anual, comparado com 2.2% de inflação, 5.6% para o S&P500, 7.7% para o ouro entre outros.
Em outras palavras, em um país desenvolvido e com muito mais acesso a informação que o Brasil, os investidores ainda assim não conseguem nem bater a inflação.
E no Brasil?

Bem, se aqui até os profissionais tem dificuldades nos momentos ruins, difícil imaginar que o investidor comum seja muito melhor.
Então esse problema de tentar investir sozinho e acabar perdendo até da inflação, é comum não importa em qual país você esteja.
Isso acontece por vários motivos, como por exemplo:
- Ver a bolsa de valores como uma casa de apostas;
- Escolher títulos de renda fixa só pela rentabilidade;
- Operar apenas ações da moda (frequentemente IPO’s);
- Seguir dicas de relatórios (seguidos por milhares de outros investidores);
- Aceitar “oportunidades de investimento” do gerente ou assessor (que tendem a recomendar o que paga as maiores comissões) etc.
Um dos grandes culpados, porém, é a natureza humana: nós simplesmente não estamos adaptados psicologicamente para investir da forma mais racional possível.
Quer um exemplo?
Bem, você com certeza já deve ter visto esse aviso:
Retornos passados não são garantia de retornos futuros.
Mas o que acontece quando vemos um investimento com rentabilidade passada incrível? Logo achamos que essa rentabilidade irá continuar no futuro, o que nem sempre acontece.
Por exemplo, investimentos como fundos de ações tendem a desacelerar ou passar por períodos de perdas após períodos de grandes altas, que é quando a maioria dos investidores resolve investir.
Então o que geralmente acontece é: o investidor entra esperando uma rentabilidade ótima, mas acaba recebendo rentabilidades negativas.
Daí ele fica torcendo para que essas perdas sejam revertidas.
Mas eventualmente as perdas ficam tão grandes, que o investidor desiste e vende o investimento, geralmente perto do ponto baixo – em que faria sentido segurá-lo justamente por estar barato (e.g. fundo com várias ações de P/L baixo).
E aí o que acontece?
O investimento volta a subir assim que o investidor o vende.
Aliás, esse é um problema tão comum que fizeram um estudo interessante:

Nas colunas da esquerda, vemos a rentabilidade dos gestores de investimentos demitidos nos 2 anos antes da demissão (roxo) e vemos também, a rentabilidade passada dos gestores novos 2 anos deles serem contratados (verde) e a diferença entre os dois (azul claro).
Já na coluna da direita, vemos o que aconteceu dois anos após a troca:
Os gestores demitidos (roxo), tiveram uma rentabilidade 50% melhor que a dos gestores novos (verde), uma diferença de 1% no total (azul claro).
O investidor tende a vender aplicações com passado ruim e comprar as com passado bom, mas elas frequentemente se invertem no futuro.
Isso significa que nós somos obrigados a ficar com os mesmos investimentos, fundos, gestores e afins para sempre, por pior que eles pareçam ser?
Também não, mas nós somos obrigados sim a julgar investimentos olhando para o longo prazo e não só para o passado recente.
Apesar de que achar que o longo prazo resolverá tudo também não é uma solução eficiente.
O que nos leva a:
2 – Você Pode Passar DÉCADAS No Prejuízo Se Não Souber o Que Está Fazendo
Muitos investidores, quando estão vendo os seus investimentos indo mal, começam a afirmar que estão investindo para o longo prazo.
Porém, quanto tempo é esse longo prazo?
A imagem abaixo ajuda a esclarecer essa dúvida:

Aqui nós temos uma medida de rentabilidade (Sharpe) de ativos diferentes (ações americanas, ações internacionais, índices de ações, renda fixa, commodities, moedas e um misto de todas elas) em décadas diferentes.
Podemos ver, por exemplo, que ações americanas bombaram entre 1926 e 1930, mas só deram prejuízo nas décadas de 1930 e 2000.
Claro, no longo prazo, elas foram bem rentáveis, como mostra a média durante o período todo no pontilhado à direita do gráfico…
Mas e quem investiu em 1930 ou 2000? Essas pessoas passaram 10 ANOS antes de verem resultados em seus investimentos.
Pior foi quem investiu em renda fixa nos Estados Unidos entre 2000 e o final da década de 2010: Esse cara esperou 20 ANOS só para ter prejuízo.
Isso acontece também no Brasil, como mostra esse exemplo da nossa bolsa de valores em dólar (porque em valores nominais pareceria tudo lindo por causa do nosso histórico maluco de inflação):

Olhando o gráfico como um todo, vemos que quem investiu em 1967, teve lucros gigantescos segurando o IBOVESPA esse tempo todo.
Mas quem costuma investir perto dos picos, quando a bolsa de valores está dando notícia e todo mundo está falando dela – ou seja, a maioria dos investidores – passou por experiências horríveis e agonizantes.
Isto é:
- Quem investiu em 1970, precisou esperar 14 anos no prejuízo até começar a ver o seu investimento dar lucro.
- Quem investiu em 1985, precisou esperar 8 anos.
- Quem investiu em 1996, precisou esperar 8 anos também.
- E quem investiu lá em 2008, quando o Brasil estava bombando no mundo, esteve pelo menos até 2022 carregando um prejuízo real a 14 anos.
Já pensou ficar com um investimento no negativo durante 14 anos e NÃO vender?
Pensar nisso já é assustador para muitos investidores e olha que o caso brasileiro é um caso de final feliz…
Mas e se você fosse japonês?

Quem investiu na bolsa japonesa no final da década de 50, com um país arrasado pela guerra, teve uma rentabilidade de quase inacreditáveis 16.96% a.a. durante 39 anos.
O longo prazo ajudou muito nesse caso, hein?
Mas e o cara que viu essa rentabilidade lá em 1989 e decidiu investir em seu próprio país, cheio de esperanças para o futuro e com todos falando que o Japão iria ultrapassar os Estados Unidos?

Bem, esse cara NÃO está feliz.
Ele investiu em 1989, está esperando há 33 anos e por enquanto não tem nada a mostrar além de um PREJUÍZO DE 27.90%.
Então “deixar para o longo prazo” NÃO garante que você terá bons resultados.
Sim, a tendência é que com o tempo, uma carteira bem diversificada de investimentos se valorize muito.
Mas investir de qualquer jeito, achando que o longo prazo irá te salvar, não é e nunca será uma boa ideia.
3 – O Mercado Financeiro Não Trabalha de Graça e Está SEMPRE Atrás Do Seu Dinheiro
Como já deu para ver que investir pode ser complicado, é natural que o investidor de varejo procure ajuda para investir.
O problema é que como o investidor não conhece bem o mercado, ele costuma buscar tipos de ajuda que não só têm benefícios questionáveis, mas que também representam gastos excessivos que ferem os seus resultados no longo prazo.
Por exemplo:
Imagine um investidor que, vendo a bolsa decolar, ou a renda fixa pagar muito ou qualquer outra coisa, decide investir as suas economias.
Como ele talvez não queira gastar dinheiro logo de cara, normalmente ele vai procurar ajuda para o gerente do banco.
Afinal, o gerente do banco pode te ajudar de graça, não?
Não.
Você está pagando.
Você só NÃO SABE que está pagando.
Note.
O gerente não é um especialista em investimentos, mas sim, um cara que cuida das contas das pessoas e de vez em quando vende investimentos para ter comissões e atingir as metas do banco.
Como são os investimentos do banco que pagam as comissões, são esses os investimentos recomendados, mesmo que não sejam os melhores.
É por isso que existem tantos investidores comprando CDB’s com taxas abaixo do CDI ou aceitando planos de previdência privada que, para variar, também não conseguem bater o CDI.
Outra maneira de se guiar no mundo dos investimentos é através de um assessor de uma corretora (não confundir com consultor, que é algo bem diferente).
Afinal, a ajuda do assessor também é grátis, não é?
Não.
Aqui novamente.
Você ESTÁ pagando, apenas não sabe.
E o problema que existia com o gerente, se intensifica. Por exemplo:
Em aplicações como COE’s ou IPO’s, o assessor chega a ganhar absurdos 3% de comissão, então naturalmente ele tem o incentivo em vender esses produtos e ainda te mostrar “novas oportunidades” o tempo todo para receber mais comissões.
E pior que o assessor não tem muito o que fazer pois se ele não bater as metas da corretora, ele corre o risco de ser desligado e ser obrigado a encontrar outra corretora que provavelmente não será muito diferente.
Mas nem sempre os pontos negativos das suas opções de ajuda são tão claras. Às vezes é bem complicado julgar se uma opção vale a pena ou não.
Veja o caso dos fundos de investimento (renda fixa, multimercados ou ações) por exemplo. Existem fundos bons, mas também existem fundos ruins que não valem o gasto que você tem com eles.
E estou falando de gastos que podem ser enormes!
Note, fundos de investimentos costumam ter duas taxas:
- Taxa de Administração (normalmente 2% ao ano), que o gestor recebe anualmente mesmo se tiver prejuízo.
- Taxa de Performance (normalmente 20%), que é cobrada sobre o que superar o benchmark (e.g. se for o CDI e o CDI estiver em 10% e o fundo render 15%, o gestor ficará com 20% do que ultrapassar 10%, ou seja, 1% dos lucros).
Assim, se um fundo tiver R$1 bilhão de reais (como muitos dos maiores fundos de investimento), isso significa que em um bom ano, esse fundo irá lucrar R$30 milhões, um ótimo negócio para eles.
Mas e para o cliente?
Bem, para o cliente há uma grande chance de que será um mal negócio. Veja só:

Essa matéria da CNBC revela que 80% dos fundos de ações nos Estados Unidos perderam do próprio índice S&P500 em 2021 e que essa falta de rentabilidade se mantém ao longo dos anos.
Eles terminam a matéria com um aviso muito válido:
Como investidor, você deve presumir que um fundo passivo (ETF low-fee) irá superar um fundo ativo (2% de adm. e 20% de performance).
Craig Lazzara – Diretor da S&P Dow Jones Indices
Já essa outra matéria de pouco antes da pandemia, também não dá boas notícias:

Então na prática, como tantos fundos NÃO conseguem bater o benchmark, você está pagando 2% do seu dinheiro ao ano para o gestor perder do CDI ou do IBOVESPA.
E sim, eu seu que muitos podem ler isso e pensar:
Tá, mas então se eu for investir em fundos, é só escolher um com ótimo histórico porque assim eu terei certeza de que estou fazendo um bom negócio.
E sim, é muito importante analisar o histórico de fundos de investimento.
No entanto, mesmo assim, o processo de escolher um fundo de qualidade não é tão simples quanto parece.
Principalmente porque a maioria dos fundos que aparecem nas corretoras e que mostram ótimas rentabilidades estão lá apenas graças ao viés da sobrevivência.

Um bom exemplo para entender este viés, é o dos aviões de guerra.
Conta a lenda que os aviões chegavam no hangar cheios de balas nas áreas vermelhas e a ideia era blindar essas áreas para proteger os aviões.
Mas na prática, tais áreas eram pouco importantes, porque afinal, os aviões com balas nesses lugares voltavam para o hangar, já os aviões com balas nas áreas brancas… nunca voltavam.
Ou seja:
Se um fundo vai bem, ele entra na lista de investimentos das corretoras e é promovido pelos assessores (que recebem até 40% da taxa de administração do fundo em comissões).
Mas frequentemente esses fundos só estão com boas rentabilidades recentes por sorte, quando na verdade eles não são tão bons (às vezes são péssimos).
Ou às vezes a corretora pode promover um fundo que de fato é ótimo.
Mas basta esse fundo começar a ir mal por um tempo que a corretora irá parar de oferecê-lo para não queimar o próprio filme.
E, para completar…
Ainda existe outro problema que dificulta a procura por fundos bons:
Existem fundos famosos por suas rentabilidades e gestores competentes (apesar de caros), mas esses fundos costumam ter problemas de capacity.
A ideia do capacity é muito simples:
Quanto melhores resultados um fundo tiver, mais investidores irão aplicar neste fundo e quanto mais dinheiro o fundo tiver, mais difícil será manter a mesma rentabilidade devido a problemas de liquidez.
Olhe como as coisas estão nos Estados Unidos, por exemplo:

A imagem acima mostra as rentabilidades médias dos hedge funds (basicamente os nossos fundos multimercados) desde 1989 e nos revela que a rentabilidade média de 18.3% caiu para 6.4% e depois para 3.4% ao longo dos anos.
Ao mesmo tempo, a quantidade de hedge funds e ativos sob gestão, simplesmente explodiu de alguns poucos milhões para quase 3 trilhões.

Isso acontece em todos os países e mercados, simplesmente porque quanto mais dinheiro você tem, mais difícil é ganhar dinheiro na mesma proporção (sim, infelizmente a lei dos retornos diminutos se aplica aos investimentos).
Então se você já teve um fundo cuja performance começou a piorar, pode ter sido por viés de sobrevivência sim, mas também pode ter sido “excesso de sucesso”, fazendo um fundo bom ficar grande demais para render como antes.
Mesmo assim, os investidores continuam pagando as taxas.
E sim, é fácil ler tudo isso e imaginar que evitar assessores, gerentes, fundos de investimentos e taxas em geral é uma boa ideia.
E você está certo pensando assim.
Porém, não tem como fugir completamente desses gastos ocultos, taxas altas e conflitos de interesse pois não existe almoço grátis no mercado financeiro!
Você paga para o gerente, paga para o assessor, paga corretagem, paga emolumentos ou paga administração, performance, abre mão de uma performance como antes e aí, finalmente o dinheiro é seu?
Pois é…
Existe também o leão!

E com impostos indo de 15% a 22,5%, toda hora que o investidor trocar de investimento, ele precisará pagar uma bolada em impostos.
E se ele possuir um fundo de renda fica ou multimercado, aí ele nem sequer precisa vender o investimento para pagar impostos, pois o imposto come cotas é deduzido do capital automaticamente 2 vezes ao ano.
Ou seja, o seu objetivo não deve ser eliminar todos os gastos e empecilhos do mercado, mas apenas tomar as melhores decisões possíveis de modo que esses gastos e empecilhos sejam reduzidos ao mínimo e, mais importante…
Que eles valham realmente a pena!
E sim, eu sei que após ler isso, talvez você pense que é difícil que algo assim valha a pena justamente por tantas variáveis, encheção de saco e confusão.
Mas infelizmente não é assim também, pois se você deixar de investir e apenas se contentar com o que for mais fácil, as coisas podem ser ainda piores…
4 – Evitar o Risco e Ficar Nos CDB’s, Poupança ou Previdência Privada é Um Erro
Então quando você não entende o bastante de investimentos, você pode perder dinheiro.
Mas se você não quiser complicação e for investir no que é mais fácil, a chance de você ter resultados péssimos e até perder dinheiro, também é grande.
Investindo em um CDB de banco, por exemplo, você pode ter uma rentabilidade abaixo do CDI ou então, uma rentabilidade melhorzinha, mas apenas se você deixar o seu dinheiro preso nessa aplicação por vários anos.
É possível escolher aplicações de bancos menores, só que aí você estará correndo o risco de crédito, que costuma ser baixo nos bancos maiores, mas caso aconteça, faz com que você perca o dinheiro investido até o FGC cobrir o seu prejuízo.
E até lá? Você só espera e torce para tudo dar certo.

E é claro, você recebe a grana de volta apenas se você tiver até R$250 mil investidos naquele banco, qualquer coisa que passar disso, sinto muito, mas você perde.
Já a poupança é famosa por perder da inflação, então por mais que o dinheiro cresça nominalmente, o valor de compra dele diminui, então a poupança é só um modo de perder da inflação devagarinho.
Finalmente, a previdência privada, que os brasileiros tanto gostam, costuma ir tão mal que é frequente vermos notícias decepcionantes como essa:

Então qual é a solução segura?
Entre as mais populares, os riscos ainda existem:
- Tesouro Direto: além do risco de crédito, você pode sofrer com a marcação a mercado nos Pré e IPCA;
- Ações Americanas: você tem os mesmos problemas das ações e fundos de ações que temos aqui, bem mais competição e ainda a variável do câmbio;
- Títulos Públicos Americanos: você sofre com a marcação a mercado, a variável do câmbio e taxas de juros que você mal consegue enxergar com uma lupa;
Existem ainda riscos pequenos, mas com consequências catastróficas para o investidor.
Como guerras…

Ou hiperinflação…

Causadas quase sempre por irresponsabilidade governamental…

E os investimentos de fora do mercado financeiro?
Neles você TAMBÉM corre riscos:
- Imóveis Físicos: você paga impostos, sofre com rentabilidades históricas entre 4% e 6% ao ano, baixa liquidez e ainda lida com inquilinos e reformas para manter o imóvel interessante;
- Empreendimentos: você tem a cultura toda do país contra você, além de taxas de juros absurdas e impostos altos;
- Ouro: você tem a dificuldade de armazenamento e na prática, é apenas um hedge contra inflação e não um investimento que rende.
O meu ponto é:
Não existe uma opção 100% segura pois TODOS os investimentos, por mais conservadores que pareçam ser, possuem os seus riscos.
Até se você deixar o seu dinheiro debaixo do colchão, você morre com a inflação e precisa lutar contra as traças e a umidade nas notas.
Então não tem jeito, se você tem dinheiro e quer fazê-lo crescer ou pelo menos, mantê-lo no longo prazo, você vai correr riscos.
Mas isso não é ruim.
Pois felizmente existe um modo de correr riscos de forma controlada e que compensa o esforço.
5 – Diversificação é a Grande Arma Secreta (Mas Apenas Se Você Pensar Fora da Caixinha)
Se os investimentos podem ficar décadas sem resultados e tanta coisa pode dar errado no caminho, faz sentido achar que a diversificação é uma boa ideia.
E sim, estatisticamente falando, não existe nada melhor para a segurança dos seus investimentos do que ter uma carteira diversificada.
Porém, existe um problema:
Apesar dos investidores tentarem diversificar, a maioria apenas ACHA que está diversificando, quando na verdade, está com todos os ovos em uma cesta só.
Por exemplo, vamos imaginar um investidor comum.
Ele tem o seguinte:
- 5% em ações (8 ações diferentes).
- 5% em ações americanas (8 ações diferentes).
- 10% em REIT’s (8 REIT’s diferentes).
- 10% em multimercados (4 fundos diferentes).
- 10% em fundos de renda fixa (4 fundos diferentes).
- 10% em criptomoedas (8 criptos diferentes).
- 15% em fundos imobiliários (12 fundos).
- 15% em Tesouro IPCA (2 vencimentos).
- 20% em Tesouro Pré-Fixado (2 vencimentos).
A princípio parece ser uma carteira equilibrada e bem diversificada, não é mesmo?
Afinal, ele tem 9 tipos de ativos e 56 ativos diferentes, muita coisa, não?
Sim, mas note.
Sem querer soar new-age ou místico, na economia, “está tudo conectado”.
Falando primeiro de Brasil, isso significa que quando as taxas de juros estão baixas, as empresas podem investir com custos menores, o que faz os seus lucros subirem e com isso, o preço das ações.
Mas as taxas de juros afetam também o setor imobiliário, pois quando você não gasta uma perna em um financiamento, construir ou comprar é mais barato.
Isso faz com que as ações do setor imobiliário e consequentemente, os fundos imobiliários se valorizem também.
Com isso, o país cresce.

Um país em crescimento arrecada mais, fazendo com que ele tenha mais facilidade para pagar as suas dívidas, o que gera confiança ao investidor de que este país é um bom pagador.
Só que quando um país é um bom pagador, os investidores aceitam MENOS juros para emprestarem dinheiro para ele, o que faz com que a marcação a mercado valorize a maioria dos títulos públicos.
Então ações, FII’s, títulos públicos e até fundos multimercado (que possuem muitos desses investimentos), se valorizam ao mesmo tempo!
A economia funciona desse modo nos Estados Unidos também, e aí ações, REIT’s e alguns títulos públicos se valorizam ao mesmo tempo novamente.
Isso significa que…
Se o Brasil estiver bem e os Estados Unidos estiver mal, ou vice-versa, você até está diversificado, mas como ‘está tudo conectado’, se algo ruim acontecer como a Crise de 2008 ou a Covid…
Aí, meu amigo, não tem jeito porque TUDO…

Despenca…

Ao mesmo…

Tempo.

Até os alguns fundos de renda fixa podem ter perdas (devido aos saques)!

E é isso que acontece com o investidor comum:
Ele tem ações brasileiras e americanas, REIT’s, FII’s, FIM’s, FRF’s, Tesouro Pré e IPCA, criptomoedas e acha que está diversificado, mas na verdade está 100% comprado em crescimento e calmaria.
E infelizmente, as economias não estão em crescimento o tempo todo, muito pelo contrário.
A economia pode estar…
- Crescendo Sem Inflação;
- Crescendo Com Inflação;
- Em Recessão Sem Inflação;
- Em Recessão Com Inflação.
E em cada cenário, ativos diferentes e estratégias de investimento diferentes apresentam rentabilidades e correlações diferentes que desafiam QUALQUER tipo de diversificação simplória.

Então diversificar é EXTREMAMENTE importante sim, mas é preciso ter em mente como os seus ativos se comportam em cenários diferentes para ter uma carteira segura em períodos bons e PRINCIPALMENTE, períodos ruins.
Você não quer precisar passar por um período ruim para descobrir que a sua carteira não estava tão bem diversificada quanto podia estar.
Uma frase famosa do Warren Buffett vem a calhar:

Felizmente, com todas as informações que eu te passei neste artigo, a sua chance de ser pego de calça curta já se tornou muito menor.
Ao entender que investir é difícil, que focar no longo prazo não garante o seu sucesso, que o mercado adora tirar uma casquinha sua, que existem riscos em todos os investimentos e que a diversificação é vital, você já está melhor preparado que a maioria dos investidores.
Investir bem realmente não é um caminho muito rápido ou simples, mas se você ama economia e os mercados como eu, posso garantir facilmente que é um caminho muito divertido e recompensador.
Mas por enquanto, obrigado por ter lido este artigo e até o próximo!
Hugo Teixeira
PS: não falei sobre ciclos entre potências mundiais para não complicar a leitura, mas se você tem interesse nisso, eu recomendo o último do Ray Dalio.
Muito interessante e instrutivo seu post. É um alerta a todo investidor, iniciante ou não. Agradeço pela matéria. Encaminharei a outras pessoas por julgá-la de interesse comum. Obrigado.
Obrigado pelo feedback Sylvio, fico feliz que tenha curtido 🙂