Caro leitor,

Se você já tem algum capital acumulado e deseja transformá-lo em uma renda extra recorrente e estável, você está no lugar certo.

Aqui vou te dar algumas dicas importantíssimas para que você tenha um “segundo salário” e possa usufruí-lo sem ter dores de cabeça.

E a primeira coisa que você precisa saber é…

Se Você Quer Renda, Você Precisa Pensar Diferente do Investidor Comum

Note, o investidor comum, típico, quer ganhar mais e mais dinheiro e para isso, ele tende a procurar investimentos que prometem retornos no médio/longo prazos.

Mas o investidor de renda, bem, precisa de renda.

Ele não quer essa renda na década que vem ou no ano que vem como o investidor comum, ele quer essa renda este ano, de preferência todos os meses.

Isso significa que enquanto um investidor comum pensa muito no retorno total de um investimento e aceita alta volatilidade para ter esses retornos, por exemplo…

O investidor de renda se foca em uma renda paga agora, este mês ou este semestre com a máxima estabilidade possível…

Em outras palavras, o investidor comum quer que a árvore cresça e o investidor de renda quer que a árvore dê frutos de modo consistente.

Para que isso aconteça, é preciso se preocupar com alguns itens:

  1. Comprar ativos geradores de renda;
  2. Pagar o mínimo possível nesses ativos;
  3. Procurar retornos consistentes em ativos estáveis;
  4. Otimizar taxas e impostos;

Então vamos analisar um a um para você entender tudo isso…

1 – Comprar Ativos Geradores de Renda

Existem vários tipos de ativos no mercado, mas enquanto alguns deles geram renda diretamente, ou seja, são como “árvores que geram frutos”, alguns ativos apenas se valorizam ou, são como “árvores que apenas crescem”.

Vamos pegar um CDB de um banco qualquer, por exemplo.

Se esse CDB foi comprado por R$1 mil no início de 2023 e tem vencimento no início de 2025, os seus R$1 mil irão se valorizar durante todo esse período, podendo chegar a R$1.3 mil talvez…

Mas esses R$300 de rentabilidade não são pagos aos pouquinhos para você, mas sim, vão sendo acumulados junto aos R$1 mil originais.

Ou seja, apesar do dinheiro valorizar, essa valorização não é entregue na hora, ela fica “anexa” aos R$1 mil originais até o vencimento, quando você recebe tudo (capital original + juros) de uma vez.

Então esses ativos “sem frutos” ainda se valorizam, mas para essa valorização virar renda, você precisa vender uma parte do investimento todo mês…

E aí você terá o trabalho de pagar impostos, enfrentar descontos devido a marcação à mercado ou simplesmente não poder vender antes do vencimento ou precisar esperar alguns dias no caso de fundos de investimento 555.

É por isso que investimentos que não pagam renda (“frutos”) diretamente não servem para renda: eles nem foram feitos para isso.

Por outro lado, existem ativos como fundos imobiliários, que pagam dividendos todo santo mês, então se o ativo vale R$100 e o dividendo é R$1, isso não significa que após um mês o ativo valerá R$101 mas sim, que o ativo continuará valendo R$100, mas o pagamento de R$1 irá direto para a sua carteira.

No caso dos fundos imobiliários de tijolo, o pagamento é na forma de aluguéis pagos dos inquilinos para os investidores.

Em outras palavras, um bom ativo gerador de renda é simplesmente um ativo que não vai acumulando os rendimentos, mas sim, vai pagando esses rendimentos com uma certa frequência.

Aí a frequência pode variar bastante.

Fundos imobiliários pagam todos os meses, ações podem pagar às vezes mês a mês, às vezes ano a ano ou trimestre e títulos públicos (alguns), podem pagar de semestre em semestre também.

Todos esses ativos geram RENDA DIRETAMENTE, ou seja, o dinheiro simplesmente aparece na sua conta sem que você precise fazer nada.

Em muitos casos você nem precisa pagar impostos sobre essa renda!

E se isso parece bom, saiba que pode ficar ainda melhor, contanto que você se comprometa com um objetivo simples:

2 – Pagar o Mínimo Possível Nesses Ativos

Note, se um ativo qualquer paga por volta de R$1 por mês, é muito melhor você comprar esse ativo por R$95 do que por R$100 porque a R$95 você estará pagando menos para ter a mesma renda de R$1.

Ainda melhor do que pagar R$95 seria pagar R$90 ou R$85 porque quanto mais barato você pagar no ativo, mais renda você terá com menos capital investido, como mostra a tabela abaixo:

Preço do AtivoDividendo MensalRenda Mensal DesejadaCusto Para Ter a Renda Desejada
R$105R$1R$10.000R$1.050.000
R$100R$1R$10.000R$1.000.000
R$95R$1R$10.000R$950.000
R$90R$1R$10.000R$900.000
R$85R$1R$10.000R$850.000
R$80R$1R$10.000R$800.000
R$75R$1R$10.000R$750.000

Então se você quer uma renda mensal de R$10.000 e o dividendo mensal é de R$1, você só precisa de R$750 mil se o ativo custar R$75, mas precisa de mais de um milhão se o ativo custar R$105.

Com o ativo mais caro você precisa de 40% mais capital para ter a MESMA RENDA.

Então é absurdamente vital e imprescindível que você foque completamente em comprar ativos bons e baratos, ainda mais porque bons ativos baratos tem menos chances de se desvalorizar e mais chances de se valorizar no futuro.

Mas é claro, não adianta nada comprar ativos bons e baratos se você não…

3 – Procurar Retornos Consistentes Em Ativos Estáveis

Muito se diz sobre viver de renda através dos dividendos de ações.

Em países como os Estados Unidos, isso é muito comum, pois a maioria das empresas paga dividendos de 3 em 3 meses e muitas delas pagam dividendos suavizados.

Note os pagamentos trimestrais e valores crescentes e suavizados (vários pagamentos seguidos no mesmo valor).

No Brasil, temos até algumas empresas que pagam dividendos mensais, como os bancos Itaú e Bradesco.

O problema surge quando analisamos os dividendos não mês a mês, mas ano a ano.

Uma empresa é um organismo complexo cujo sucesso depende de variáveis como os produtos ou serviços oferecidos, o mercado, o ambiente macro-econômico, a concorrência e por aí vai.

O resultado é que enquanto fundos imobiliários de tijolo pagam aluguéis que vão sendo reajustados com o tempo e não variam drasticamente entre si ou títulos públicos brasileiros pagam cupons semestrais nos mesmos valores…

Os proventos das empresas podem variar muito mais:

AnoBradesco (BBDC4)DiferençaItaú (ITUB4)Diferença
2022R$0,405-60,53%R$0,497-45,32%
2021R$1,026+45,12%R$0,909-30,29%
2020R$0,707-64,91%R$1,304-53,51%
2019R$2,015+75,53%R$2,805-11,88%
2018R$1,148-7,94%R$3,183+112,34%
2017R$1,247-6,10%R$1,499-12,08%
2016R$1,328-6,81%R$1,705+7,98%
2015R$1,425+8,12%R$1,579+53,45%
2014R$1,318+49,26%R$1,029+0,10%
2013R$0,883-14,85%R$1,028-13,10%
2012R$1,037-3,36%R$1,183+9,13%
2011R$1,073+19,22%R$1,084+9,49%
2010R$0,90R$0,99

Imagine você recebendo R$2,015 por ação do Bradesco em 2019 e no assim seguinte, recebendo apenas R$0,707 ou -64,91% a menos do que no ano anterior.

Obviamente você teria outras ações em sua carteira de dividendos, mas…

Já pensou ver a sua renda aumentar 75,53% um ano só para vê-la despencar -64,91% no outro?

Com uma diferença tão drástica de rentabilidade ano a ano, é muito difícil para um investidor contar com essa renda nos valores que ele recebe hoje.

Afinal, se uma empresa paga R$1 por ação em um ano e R$4 no ano anterior e R$2 no atual, como é que o investidor vai ter garantia que o orçamento dele não corre o risco de ir pro saco a qualquer momento?

Lembrando que ativos de renda não pagam 13º, então se a renda cair muito, você não terá nem a alternativa da matéria acima.

É claro que existe uma solução.

A melhor maneira de evitar esse risco é acompanhando as empresas das quais ele possui ações para tentar evitar surpresas desagradáveis.

Então se antes o investidor só queria viver de renda, agora ele vive de renda e também trabalha sozinho full-time como analista de ações.

Legal para algumas pessoas, impraticável para a maioria.

É por isso que apesar da ideia de viver dos dividendos de ações ser válida, ela é não é tão prática quando existem fundos imobiliários, títulos públicos e outros ativos que geram renda mais previsível.

A renda pode vir até de fora através de ETF’s como os da BlackRock, com produtos de renda governamental, de países emergentes e países desenvolvidos.

Afinal, a sua conta de luz não vai custar R$400 em um mês, depois R$1700 no outro e R$7 no último, então previsibilidade é algo extremamente importante quando o investidor deseja renda.

4 – Exigir a Mínima Volatilidade Possível

Além de uma renda mais estável, é vital que os ativos que a gerem não possuam uma volatilidade muito exagerada.

Só porque um ativo de R$100 pode ir para R$115 ou R$75 gerando o mesmo R$1, não significa que é divertido ver o preço despencar de R$115 para R$75, mesmo que temporariamente.

Além disso, se você precisar fazer um saque para pagar alguma despesa inesperada, seria ótimo se o ativo no qual você pagou R$100 tivesse subido para R$115, mas e se ele tivesse caído para R$75 ou ainda menos? Isso não seria nada ótimo.

E apesar de ser impossível não ter alguma volatilidade, é muito mais confortável e prático termos uma carteira sem tantos sobes e desces.

Uma forma de fazer isso é evitando ativos como ações, que possuem bem mais volatilidade que os fundos imobiliários ou preferindo títulos públicos de vencimento mais próximo, que também possuem uma volatilidade menor.

Comparando os índices, ações podem ser até 5 vezes mais voláteis que fundos imobiliários e 2 vezes mais que títulos públicos longos (do IMA-B 5+).

Outra coisa que podemos fazer para nos proteger é adicionar ativos para hedge em nossas carteiras, isto é, ativos que nos protegem nos piores momentos (como crise de 2008, Covid-19 e afins).

O dólar, por exemplo, tem uma correlação negativa muito forte com o IFIX (o índice dos fundos imobiliários), então quando o dólar sobe, o IFIX tende a cair e vice-versa.

Além disso, algo que ajuda você até já conhece:

Comprar ativos baratos faz com que você se importe menos com a volatilidade pois os preços precisariam cair bastante para você perder dinheiro, então esse é um ponto ultra importante que oferece apenas vantagens.

Então o investidor de renda precisa ter uma postura defensiva pois afinal, ele muito provavelmente depende dessa renda, então não faz sentido colocá-la em risco com ativos muito voláteis.

5 – Otimizar Taxas e Impostos

Finalmente, ao pensar em renda, precisamos considerar os impostos de cada tipo de ativo gerador de renda:

  • Ações individuais (apesar de todos os problemas já mencionados) pagam dividendos isentos e deduzem os impostos dos juros sobre o capital próprio automaticamente (então você não precisa fazer nada).
  • Fundos imobiliários pagam dividendos isentos também (não precisa fazer nada).
  • Títulos públicos com cupons semestrais cobram impostos com a tabela regressiva do IR (deduzidos automaticamente, não faz nada também).
  • Títulos públicos americanos (os bonds) cobram impostos enormes sobre os seus rendimentos, são 30% por pagamento (e precisa tomar cuidado ao declarar).

Sabendo disso, me responda:

Porquê ter todo o seu dinheiro em bonds e pagar 30% de impostos quando você pode ter esses títulos apenas para segurança em crises e o resto do seu capital ficar em ativos isentos?

Entenda que não faz sentido exagerar em nenhuma classe de ativo pois cada uma tem as suas vantagens e desvantagens.

Por exemplo, é preciso pagar impostos sobre títulos públicos, mas sem eles, você provavelmente estará 100% comprado em crédito privado (ou fundos de tijolos) que oferecem muito mais risco que os títulos do governo.

Basta uma crise forte o bastante e aqueles CRI’s lindos podem defaultar, enquanto o governo sempre pode imprimir dinheiro para te pagar (como é melhor receber dinheiro deflacionado do que não receber, compensa diversificar).

Então quando você estiver pensando em criar a sua carteira de renda, reflita muito sobre quais tipos de ativos adicionar porque os detalhes fazem a diferença.

Já vi carteiras pouco otimizadas gerarem até 28% mais renda fazendo apenas alguns ajustes simples que a maioria dos investidores desconhece.

Outro modo de ter mais renda é reduzindo e/ou evitando as taxas.

Fundos imobiliários cobram taxas de administração e às vezes, de performance, e elas são como uma âncora na performance do fundo.

Portanto, ao escolhê-los, é preciso ficar de olho nessas taxas para não pagar mais do que faz sentido.

Para fundos de CRI, tijolo e FOF, o mais comum são 1% de taxa de administração e 20% de taxa de performance (apesar de que muitos fundos não cobram a última).

Outras taxas incluem emolumentos, corretagem e custódia.

Emolumentos são obrigatoriamente pagos à B3, assim como a custódia é paga sem choro nem vela no caso dos títulos públicos (e basicamente não existe mais em outros tipos de investimento).

Já as corretagens costumam ser grátis para FII’s (se a sua corretora cobrar, apenas fuja dela).

No geral, você só precisa pesquisar um pouco antes de investir e aí, evitar as taxas e/ou impostos será fácil.

Conclusão:

Se você comprar ativos geradores de renda por preços competitivos, que ofereçam renda consistente com baixa volatilidade e tomar cuidado com taxas e impostos, tudo deve funcionar sem soluços.

E é claro, se você ainda assim achou tudo isso complicado ou não tem tempo para aprender a investir, saiba que eu posso criar e manter uma carteira de renda personalizada para você considerando os seus objetivos e necessidades.

Mas por enquanto, obrigado por ter lido este artigo e nos vemos no próximo.

Hugo Teixeira

PS: eu não tenho nada contra ações para gerar renda, mas como escolher bem é muito difícil até para analistas profissionais de grandes fundos, é difícil imaginar que pessoas físicas sem grande preparo podem ter resultados melhores, então é melhor evitar.

2 Comments

  1. Romulo 9 de fevereiro de 2023at13:46

    Excelente, Hugo!
    Parabéns!
    👏👏👏

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