Caro leitor,

Já percebeu que algumas das notícias mais importantes muitas vezes passam despercebidas?

Talvez você tenha visto uma pequena manchete esses dias sobre a China pedindo ajuda ao Japão para lidar com a guerra tarifária americana.

À primeira vista, nada muito chamativo assim. Um breve pedido diplomático no meio de tantas outras manchetes bombásticas, certo?

Errado.

Pois este evento está apontando para algo muito maior.

Algo que você, como investidor, não pode ignorar.

Veja bem, a China — país conhecido por sua postura firme e, até certo ponto, independente em assuntos internacionais — enviou uma carta formal para o Japão solicitando uma “resposta coordenada” às tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Deixe-me repetir para reforçar o ponto:

A China está solicitando uma resposta coordenada. Pedindo socorro, por assim dizer.

E, surpreendentemente, esse pedido não foi feito a um aliado próximo, mas ao Japão.

Aqui é que fica complicado, porque Japão e China não são exatamente amigos históricos.

Na verdade, são gigantes com uma relação bem delicada, cheia de rivalidades, desconfianças históricas, disputas territoriais e uma competição econômica ferrenha.

É como se o Batman pedisse ajuda ao Coringa para combater uma ameaça ainda maior.

Isso significa duas coisas:

  1. A pressão econômica americana está realmente afetando Pequim a ponto de cima.

  2. O jogo geopolítico está mudando.

E a mensagem que você precisa guardar é simples, mas poderosa.

“Seu Portfólio Não Mora Mais no Mesmo Planeta: A Geopolítica é o Novo Código dos Investimentos.”

Exatamente.

O Mapa Mundí do investimento mudou, e mudou rápido.

Durante décadas, investir era uma atividade relativamente simples: analisar empresas, balanços, setores… Era como navegar num mar relativamente calmo e previsível.

Mas o mundo econômico pós-pandêmico não é mais como antes.

Agora, a geopolítica saltou do pano de fundo para se tornar o protagonista das nossas carteiras.

Se você duvida, basta olhar para alguns eventos recentes:

  1. As tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos à China e a várias nações aumentaram drasticamente os custos de muitas empresas, gerando problemas de suprimentos para indústrias essenciais.
  2. Empresas de tecnologia de todo o mundo sofreram perdas bilionárias com restrições impostas por governos preocupados com questões de segurança e espionagem.
  3. Cadeias globais de produção estão literalmente sendo reformadas, avançando para próximo dos grandes blocos geopolíticos (reshoring e nearshoring). Isso já afetou valuations de dezenas de setores diferentes.

E é exatamente aqui que o pedido chinês ao Japão fica crucial:

Ele revela algo importantíssimo que talvez você ainda não tenha percebido: as linhas tradicionais entre aliados e rivais não estão escritas em pedra.

Quem imaginaria que China e Japão poderiam cooperar? Quem dirá promoverem uma “resposta coordenada”?

Aliados históricos estão sendo desafiados…

Velhos inimigos estão considerando novas parcerias…

Tudo isso faz parte de um chamado “reator nuclear geopolítico,” onde cada movimento redefine o equilíbrio de poder, o risco, e, claro, as oportunidades econômicas.

E, como investidor, você precisa aprender a “ler” esse novo tabuleiro.

Se antes você só analisava números, empresas e fundos, agora é essencial saber decifrar também a linguagem das alianças políticas e econômicas ao redor do planeta.

Nós não podemos mais ignorar o fato de que:

Sua Carteira Agora Mora Dentro do Jogo Geopolítico.

E, por isso, se sua carteira é pouco, ou bastante dolarizada, sua estratégia precisa urgentemente se atualizar.

Não é questão de tentar prever o futuro ou dominar a arte da diplomacia internacional.

É questão de ter uma carteira realmente preparada, diversificada globalmente, resistente a terremotos políticos e econômicos.

É por essa razão que, aqui na Consultoria Senhor Mercado, nós sempre destacamos algo fundamental na construção de portfólios de alguns tipos específicos de clientes:

Diversificação global com a filosofia “all weather”.

Ou, em outras palavras:

Uma carteira que reconhece que o futuro é incerto até em um nível geopolítico, e que está preparada para gerar resultados consistentes mesmo em cenários altamente instáveis como o atual.

Intervalos como Renda fixa de diferentes vencimentos e emissores globais, ETFs internacionais que diversificam exposição por países desenvolvidos, emergentes, setores diferentes, inclusive aqueles que são resilientes em cenários de instabilidade ou beneficiados pela realocação de cadeias produtivas em direção às nações mais estáveis.

Títulos públicos chineses, ouro Suíço, renda fixa de Singapura são apenas alguns dos ativos frequentemente recomendados aqui porque sim, você pode ser brasileiro, pode ser americano e pode investir no seu próprio país.

Mas no final das contas, todos nós ainda somos macacos flutuando numa bola, somos Terráqueos e em um mundo globalizado. Pensar em investir no próprio país ao invés de investir no próprio planeta é um risco que, novamente, para tipos específicos de pessoas, não é prudente.

Se você ainda age como se vivêssemos num mercado dos anos 90 ou 2000, então esse exemplo mostrado aqui, aparentemente irrelevante, deveria funcionar como um alarme urgente dizendo:

ACORDE! Você ainda não está entendendo o novo jogo!

Entenda que a China pedir ajuda ao Japão revela uma mudança fundamental no modo como a geopolítica afeta os mercados financeiros.

Ignorar esse sinal é como seguir viagem sem perceber que a estrada mudou — seu “GPS” econômico está descalibrado.

Em outras palavras:

Esta carta da China ao Japão é o pequeno evento sísmico que pode indicar tremores maiores.

E sua carteira está preparada?

Ela pode resistir e até lucrar nesse novo cenário?

Ela é estável o suficiente para você poder não se importar?

Tenha certeza de uma coisa:

Sua tranquilidade financeira depende cada vez mais da sua resposta a essa nova realidade de mercado.

Afinal de contas, sempre gostamos de dizer que “O Senhor Mercado pode mudar de humor rápido”…

Mas quando a Geopolítica é o novo humor do Senhor Mercado, as mudanças podem ser ainda mais rápidas, imprevisíveis e intensas.

Os últimos 80 anos foram bastante tranquilos no planeta, um período de calmaria em um histórico de grandes tensões, espero que continue assim, mas se não continuar?

Fique atento e prepare-se para o que vier, porque ninguém sabe o que pode acontecer e nem tudo o que acontece é bom.

Atenciosamente,

Hugo Teixeira

Consultor de Valores Mobiliários Autorizado pela CVM; Especialista de Investimentos Certificado pela ANBIMA; Trader e Investidor Profissional há 17 Anos

PS: Uma curiosidade interessante — O Japão e a China têm uma das relações econômicas mais interdependentes e importantes da economia global. Mesmo assim, qualquer pedido público de parceria estratégica entre estes dois países soa tão surpreendente que tem o potencial de balançar seriamente a dinâmica de forças nessa região. Com eventos assim ficando tão visíveis, o conceito de “diversificação geopolítica” poderá em breve ter tanto peso e importância quanto qualquer outro conceito clássico das finanças que você atualmente conhece e utiliza. Afinal, nunca foi tão importante ter uma estratégia resistente e à prova de futuro para navegar com segurança nessas novas águas turbulentas.

Leave A Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *