Você desenvolveu (ou copiou) uma metodologia de investimentos.

Espera que seus rendimentos fiquem na casa dos 60% anuais e mal aguenta de ansiedade até que acumule os 50 milhões de reais que indicam as simulações.

E no começo tudo vai bem, mas depois de alguns anos de sucesso, sua metodologia começa a ficar “estranha”.

O mercado bem humorado ainda é o mesmo, os ativos, o investidor e o método também.

Mas enquanto antes era fácil ganhar dinheiro com pouco esforço, agora parece que a coisa ficou mais difícil.

O que aconteceu?

Você, meu amigo, acabou de ser atingido pela força da lei dos retornos diminutos!

2 = 2 só que 3 = 2,5

A lei dos retornos diminutos diz que a cada aumento de alguma coisa, os seus retornos, sejam financeiros ou de satisfação, serão menores.

Por exemplo: ao comprar o seu primeiro carro, você poderá se sentir absurdamente bem, feliz como nunca se sentiu antes.

Ao comprar o segundo, um esportivo, a felicidade será muito alta, um pouco menor sim, mas ainda alta.

Só que a coisa piora e quando chegar o momento de torrar uma grana num Bugatti Veyron, sua felicidade será transformada em uma agradável alegria e nada mais.

Por causa dessa “lei” as pessoas precisam sempre de novos estímulos para se sentirem bem, apenas porque as coisas vão piorando, ficando mais chatas e também, rendendo menos dinheiro.

Sim, rendendo menos dinheiro.

O Peixinho Que Engordou

Isso é um peixe, sério...
Isso é um peixe, sério…

Na bolsa de valores o efeito da lei também é igual: aos poucos os seus retornos diminuem.

Sim, a graça de ganhar mais dinheiro irá diminuir aos poucos também, mas não é disso o que quero falar.

O problema maior é que quanto mais sucesso você atinge com uma estratégia, mais dinheiro você tem. E quanto mais dinheiro você tem, mais difícil fica movimentá-lo e ganhar ainda mais dinheiro!

O principal culpado é a slippage, o tal ágio na hora de comprar e deságio na hora de vender um ativo qualquer, como uma ação.

Quando você tem pouco dinheiro e uma metodologia bacana, sua slippage será super pequena e por isso, você poderá utilizar essa metodologia por muito tempo.

Mas com o sucesso, a slippage dá as caras: antes era fácil ganhar todo o dinheiro mas agora uma boa parte fica com a slippage, amanhã, uma parte enorme fica com a slippage.

E adivinha? Uma hora a estratégia simplesmente para de funcionar porque você cresceu demais, o peixinho ficou grande demais para o lago e por isso…

É Preciso Encontrar um Lago Maior

Quando uma estratégia perde sua utilidade devido a slippage, o investidor / trader / qualquer coisa precisa fazer algo diferente.

A técnica mais fácil é diminuir o risco.

Se você investe arriscando 3% do seu capital, pode diminuir para 2,5% quando a slippage ficar alta demais. Quando o problema voltar, pode diminuir para 2% e então, 1,75%.

Infelizmente com isso os seus retornos também sofrem e pior, depois de um tempo não há nada que possa ser feito mesmo: a estratégia deverá ser refeita ou transferida.

Isto é, você vai precisar operar em um mercado diferente, talvez operar apenas um tipo específico de ações de altíssima liquidez ou até trocar de mercado: futuros, forex, opções, qualquer coisa.

Talvez você possa trocar a escala temporal: em vez de investir no diário, pode investir no semanal ou então procurar ativos mais líquidos e operar no intra-day!

Tanto faz, o que importa é que será preciso mudar a estratégia e se adaptar. Porque na bolsa, assim como na vida, não são os mais fortes ou os mais inteligentes que sobrevivem e sim, aqueles que se adaptam melhor.

Conclusão

Não, o seu sisteminha maravilhoso que pode te gerar bastante dinheiro naquele mercado não irá te levar aos 500 bilhões de reais nunca, simplesmente não vai acontecer.

Com a lei dos retornos diminutos representada pela slippage, a cada dia será mais difícil ganhar mais dinheiro fazendo as mesmas coisas.

E isso é um bom sinal, é o sinal de que você está tendo sucesso, de que você está ficando grande demais para aquele mercadinho, mas também, é o sinal de que é preciso mudar.

E você será forçado a mudar.

Então não fique triste quando essa hora chegar, apenas aproveite o momento, aprecie o término de uma era e porque não? Passe o conhecimento adiante.

Depois apenas desenvolva uma nova metodologia e continue seguindo em frente, mesmo porque sem novos estímulos, todos nós ficaríamos entediados com nossos Veyrons e com nosso capital estagnado.

Como já dizia o mais famoso dos astronautas, você sempre deve ir: “Ao infinito… e além!”

😀

5 Comments

  1. joao 9 de abril de 2012at18:18

    Feliz será o dia que eu tiver problemas com “liquidez” dos mercados rsrsrs;

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    1. Diego Anfiloquio 10 de abril de 2012at9:06

      Concordo Plenamente. gostaria de ter sérios” problemas” hahahahah, porem concordo que na vida é assim mesmo, parece que ta sempre falando algo mesmo quando adquirindo uma coisa. acho que a grama do vizinho e sempre mais verde. abraco a todos.

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  2. Ricardo 10 de abril de 2012at10:55

    Grande Buzz Lightyear e seu conhecimento atemporal. A realmente, o ser humano é movido a desafios. Ter que buscar novos caminhos não é só preciso, mas necessario para que as coisas não percam a graça.

    Parabens Hugo, por mais um artigo f***!

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  3. cleide 11 de abril de 2012at13:31

    meu nome e cleide nunca trabalhei formalmente sempre fui altonoma mais as coisa andam difices resouvi investir na bolsa! o que voces acham tive uma boa ideia

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    1. Hugo 11 de abril de 2012at14:00

      O certo é investir quando as coisas estão boas com a intenção de ficarem ainda melhores. Investir quando está difícil tende apenas a piorar as coisas e gerar prejuízos.

      Nessa área só ganha muito quem começa a investir com muito ou quem começa com pouco mas espera muito.

      Pense nisso antes de ir em frente que aí a probabilidade da decisão ser a melhor para você será maior.

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