Mercado futuro é um negócio a parte no mundo dos investimentos. Ao contrário de muitos ativos que temos disponíveis no mercado, quando falamos em mercado futuro, começamos a lidar com tempo, alavancagem, e uma bela dose de adrenalina!

Mas antes de qualquer coisa, o leitor sabe do que se trata o mercado futuro? O que podemos operar nesse tipo de mercado, mais irreverente?

Mercado Futuro

De maneira bem coloquial, podemos dizer que operar o mercado futuro, é um pouquinho, ser “Mãe Dina” nos investimentos.

Na realidade, aplicar, investir, é querer dar uma de Mãe Dina de qualquer jeito (sempre temos as perspectivas de que nossos investimentos vão dar certo, correto? Então, trabalhamos com uma perspectiva de futuro).

Acredito ser bastante interessante trazer alguns pensamentos do tipo, isso vai ajudar na reflexão do tema, e posteriormente o entendimento de como funciona o mercado.

Vocês vão ler bastante sobre expectativa! Podem ter certeza! Spoiler Alert! Enfim, como foi escrito anteriormente, nesse mercado temos algumas vertentes, entre elas, a alavancagem e o tempo.

Não é possível, por exemplo, comprar dólar futuro, e ficar com ele em carteira do mesmo jeito que ações da ABEV3.

Tipo, vou comprar minicontrato de dólar e esquecer, vai que sobe né? Se o investidor fizer isso, acredito que pode acabar havendo um grande arrependimento, ainda mais se no meio do período houver uma grande desvalorização.

Ai é que entra a alavancagem. Às vezes não é preciso ter grandes desvalorizações, coisa pouca já é o suficiente para conceder um baita prejuízo.

Por isso fique muito atento, ao realizar operações no mercado futuro. A primeira lição sobre esse mercado é montar um belo gerenciamento de risco!

Antes de escrever mais sobre o gerenciamento de risco, vamos descrever como funciona o mercado futuro.

Futuro na Bolsa de Valores!

Explicar os fundamentos do mercado futuro pode ser algo bem maçante, então vamos desenrolar o assunto por meio de exemplo.

Temos alguns instrumentos para operar o mercado futuro, dentre eles, os índices e moedas.

Dentre os índices, no Brasil, um dos mais utilizados é o Ibovespa, e quando falamos em moeda, o Dólar é a solução.

Vamos utilizar como exemplo o dólar futuro. Hoje é possível operar duas formas de contrato futuro de dólar na bolsa por meio do contrato inteiro, ou o minicontrato.

O contrato inteiro equivale a $ 50.000,00 dólares, enquanto o minicontrato é referente à $ 10.000,00 dólares, ou 20% do valor do inteiro.

Duas perguntinhas… Presta atenção!

  • Mas então eu preciso ter tudo isso para comprar esse tal de contrato?

Não! O mercado futuro é alavancado, ou seja, o investidor pode colocar em garantia, algo próximo dos 30% do valor do contrato como garantia, e assim, pode surfar na provável valorização do contrato inteiro, ou mini contrato, (do mesmo jeito que pode sofrer perdas!)

  • Então eu também não posso ficar com o meu contrato para sempre?

Não! Ai que entra o esquema de tempo que já tínhamos comentado anteriormente. O tempo é algo muito importante, e deve ser levado em consideração em suas estratégias e no desenvolvimento da operação.

Contrato futuro tem data de expiração, ou seja, não é que nem ABEV3 (falado anteriormente, mas repetindo para o negócio ficar bem claro!).

Quando você for ao mercado, ou melhor, em seu Home Broker, será preciso digitar aquele série de letras, seguidas por um número no final.

De forma bem similar quando você vai comprar uma ação, porém dessa vez, você estará comprando um contrato.

Segue o layout de um código de dólar futuro…

O código do contrato no caso é DOLU12, DOL de dólar, U de vencimento para Setembro, enquanto 12 é o ano.

Atualmente seria 17 (de 2017). Conseguiu compreender como a parada funciona caro leitor?

Comprando contrato futuro

Com 30% do valor do contrato já é possível realizar a aquisição do mesmo. Sim, com 30%, e você não utiliza esse valor para comprar, mas sim, deixa de garantia.

O valor até ode ficar em alguma aplicação com liquidez, para que a corretora juntamente com a bolsa possam fazer as devidas compensações entre os valores.

Compensação garantia, como assim?

Já que o contrato de dólar futuro, não significa que você esteja comprando a moeda, propriamente dita, não existe uma necessidade de utilizar o mesmo valor do contrato para a sua aquisição.

Porém é obrigatório o investidor ter saldo, de no mínimo, o valor de garantia solicitado pela bolsa e corretoras.

Ou seja, o investidor precisa contar com tal valor em alguma aplicação de liquidez, e que não esteja aplicada em algum investimento que possa gerar riscos, ou desvalorizações.

Assim, o investidor pode fazer a aquisição do contrato futuro, e após esse posicionamento, a bolsa, juntamente com a corretora ira fazer as compensações sobre o valor da garantia.

Essa compensação nada mais é do que referentes às valorizações, ou desvalorizações da moeda.

Por exemplo, o investidor comprou um minicontrato de dólar (equivalente a $ 10.000,00 dólares), o dólar que estava valendo, no momento, R$ 2,00, caiu para R$ 1,98, gerou ao investidor um prejuízo de R$: 200,00!($ 10.000,00 x (-0,02)= R$ 200,00). Entendeu?

No outro dia, essa quantia será compensada de sua conta, e assim o prejuízo será reconhecido, da mesma forma que possíveis ganhos.

Vamos imaginar que ao invés de sofrer um prejuízo o investidor obteve um lucro! Vamos ir além, pegando a alta que ocorreu depois das denúncias contra o presidente Temer.

O dólar chegou a subir mais de 7%. Passando dos R$ 3,13 para os R$ 3,39. Uma alta de mais de R$ 0,26 em um único dia.

Isso poderia ter gerado um lucro para o investidor de aproximadamente R$ 2.600,00! Bastante coisa! (operando minicontrato, no caso de um contrato inteiro, o negócio teria sido de 5x o valor!)

Tudo isso sem colocar dinheiro no negócio, somente com valores em garantia, e a cobrança de corretagem sobre a compra dos contratos.

Outra coisa que não estamos levando em consideração são os impostos que podem ser cobrados sobre os lucros, como o Imposto de Renda.

Esse ganho é possível, e por meio de uma aplicação que não conta com a compra de um ativo, chamamos de alavancagem.

Uma vez que o investidor fica posicionado em um contrato que equivale a um valor superior ao que o mesmo possui em garantia.

Mesmo tendo 30% do valor total do contrato em garantia, o investido conta com os outros 70% para possíveis ganhos, ou perdas.

As perdas realmente podem ser bastante danosas, é por isso que entra o gerenciamento de risco!

Gerenciamento de Risco

Em qualquer operação no mercado, desde as compras e vendas de ações, até as mais complexas envolvendo mercado futuros, ou derivativos, precisamos elaborar um gerenciamento de risco.

Esse gerenciamento, nada mais é do que uma previsão do que é possível perder, e uma expectativa sobre os ganhos.

É certo que o investidor terá mais operações com perdas do que com ganhos. Qualquer especialista, ou veterano do mercado vão lhe falar isso.

A questão aqui é o quanto você vai perder, e o quanto você vai ganhar? Para aperfeiçoar essa estratégia, o investidor vai precisar trabalhar com o Stop Loss, e Stop Gain.

Stops!

O Stop Loss e o Stop Gains servem mais como instrumentos de disciplina em suas operações. Por exemplo, ao realizar a compra de um contrato futuro de dólar.

O investidor tem a perspectiva que a moeda americana suba. Essa expectativa pode ter vindo de uma análise gráfica, ou quem sabe de uma análise fundamentalista, sei lá…

No final das contas ele compra um contrato futuro de dólar, mas e ai? Quando você vai sair dessa operação, qual é o seu objetivo de ganho?

Quero receber 5% sobre o contrato futuro, porque isso é o potencial total da minha operação, então coloque em seu contrato uma Stop Gain de 5%.

Caso o dólar suba 5%, o contrato será vendido, para que a operação seja encerrada. Pronto! Isso pode evitar que sua mente entre no jogo, ou melhor, a emoção.

De repente, sem o Stop Gains, você vê que o dólar já subiu os 5%, e depois de algumas horas ele cai, e volta para os 3%.

Você como um investidor esperançoso, acaba se iludindo, pensando que o dólar vá voltar para o mesmo patamar dos rendimentos de 5%.

Mas algo ocorre, e a moeda americana derrete, devolvendo toda sua rentabilidade, deixando agora com prejuízo.

Então o choro vêm com tudo! O Stop Gain vem para dar disciplina, e garantir o potencial de rendimento da sua operação.

Com relação ao Stop Loss, ele serve para reduzir as possíveis perdas com as operações. Coloque um Stop Loss! Faça isso com uma margem de prejuízo relativamente menor a margem do Stop Gain (lucro).

Ou seja, com uma parcela maior do que a do Stop Loss, com isso, ao acontecer dois ou três Stop Gains, suas operações de lucro e prejuízo vão acabar valendo a pena.

Exemplo, a cada 10 operações, calcule que em 6 você ira perder, mas nas outras 4 os lucros vão ser o suficiente para render dinheiro que compense todos os prejuízos.

Em nosso blog temos mais conteúdos relacionados a gerenciamento de risco, os artigos Position Sizing Parte 1 e Position Sizing parte 2! Confira os artigos!

Operações de Hedge, para o que elas funcionam?

As operações de Hedge podem envolver tanto o mercado futuro, quanto o mercado a vista. Para realizar tal operação, é necessário ter o objetivo de proteger algo.

Vamos elaborar um exemplo, em que a operação de proteção, vai se dar em cima de um equipamento importado, de maneira similar a proteção de uma grande muralha…

Atualmente, com a globalização, e os mercados “por enquanto” abertos, convivemos constantemente com importações e exportações.

Quando alguma empresa importa um maquinário do exterior, a simples compra, pode levar dias para ser concluída, sem falar em todo o processo de transferência e entrega do bem (estamos falando de máquinas, ou seja, coisas que vão chegar a container e precisarão de um lugar para ficar alojado até a alfândega liberar e etc…).

Pois então, durante todo esse período, os pagamentos a empresa que está vendendo o produto já podem estar rolando.

Ou melhor, um financiamento pode ter ocorrido. Até aqui tudo em ordem, vamos supor que o bem estava sendo vendido por $ 100.000,00 dólares, e o pagamento foi a prazo.

No momento em que a empresa comprou o bem importando, o dólar estava valendo R$ 2,00. Ou seja, o bem estava custando R$ 200.000,00.

Tudo isso sem levar taxas, custos, e afins, só mesmo para ilustrar o exemplo. Passando um ano, o valor foi cobrado pela vendedora, porem, no momento em que a compradora iria efetuar o pagamento, o dólar não estava mais valendo R$ 2,00. Agora está a R$ 3,00!

A máquina permanece com o mesmo valor, porém, a compradora terá que desembolsar 50% a mais, para quitar a mesma máquina!

Tudo isso, poderia ter sido evitado com uma simples operação de hedge! Essa operação consiste em comprar contratos futuros de dólar na bolsa de valores, mantendo os mesmo até o dia do pagamento da máquina.

Essa operação, nada mais é do que uma trava no valor da moeda americana. Se a empresa do exemplo tivesse feito isso, o dólar poderia ter ido até os R$ 4,00 que o preço permaneceria assegurado.

Como os contratos inteiros de dólar, valem $ 50.000,00 cada, a empresa compradora, deveria adquirir dois títulos. Sem esquecer-se da margem de garantia (que poderia ser os 30% já mencionados).

Vale lembrar que do mesmo jeito que o dólar se valorizou, ele poderia ter se desvalorizado, fato que beneficiaria a aquisição do equipamento sem o hedge.

Mas isso seria uma operação especulativa, fato que grande parte das empresas, que possuem uma área financeira com mais experiência, com certeza não fariam.

Posso ficar vendido no dólar?

Quando o impeachment da presidente Dilma foi aceito pela câmara dos deputados, o dólar deu inicio a uma grande desvalorização.

Naquela época a moeda americana estava chegando perto dos R$ 4,00. Enquanto o índice Ibovespa estava amargando posição abaixo dos  40 mil pontos.

Fato que meses depois iria mudar! O Ibovespa foi parar acima dos 60 mil pontos, e o dólar ficou perto dos R$ 3,00.

Ibovespa em alta (compra)

Dólar em queda (venda)

Ou seja, quem viu essa movimentação com segurança, suficiente para realizar duas operações distintas, através do mercado futuro, se deram bem.

Sem olhar o dia-dia da operação, mas sim, o movimento durante o período de 2016, favoreceu quem ficou comprado em Ibovespa (tanto contrato inteiro quanto minicontrato), e vendido em dólar.

A garantia funciona da mesma maneira para as duas operações, havendo a necessidade de deixar capital disponível na conta da corretora, ou em alguma aplicação de liquidez.

Com se tornar um investidor de sucesso no mercado futuro?

É preciso ter atenção ao contexto econômico, ou uma estratégia muito aguçada na analise gráfica.

Por se tratar de um mercado de alta liquidez, os gráficos podem ser facilmente utilizados para traçar estratégias.

Com relação ao contexto econômico, é sugerível o investidor ficar sempre de olho em possíveis alterações relacionadas à política e afins.

O Brasil ultimamente vem sofrendo bastante com a influência da política na economia, fato que beneficia aqueles que conseguem extrair os sinais, e assim, desenvolver estratégias de sucesso!

 

 

 

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