Caro leitor,
E se eu te dissesse que o investimento mais rentável do último ano não veio da tecnologia, da inteligência artificial ou das energias renováveis?
E que ele rendeu 78%, esmagando os 12% do S&P 500, e que você poderia ter participado dele com apenas alguns cliques?
Você estaria interessado?
Muito provavelmente.
Agora, e se eu te dissesse que para conseguir esse lucro, você precisaria apostar na escalada de guerras, na instabilidade global e no aumento do medo?
Ainda parece uma boa ideia?
O Canto da Sereia de 78%
Vamos direto aos dados. Os ETFs de guerra (fundos que investem em empresas de defesa e aeroespacial) não estão subindo por acaso.
O motivo é claro:
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Orçamentos de defesa em alta: Países como os membros da OTAN planejam aumentar gastos para 5% do PIB até 2035.
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Contratos governamentais bilionários: As 6 maiores empresas de defesa dos EUA têm um backlog de US$ 530 bilhões em encomendas.
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Crescimento do capital de risco: Investimentos em startups do setor superaram US$ 2,2 bilhões em 2024.
Em resumo: o mercado está precificando a permanência do conflito como um modelo de negócio viável.
O Termômetro do Medo
Esqueça o nome “setor de defesa”. Isso é um eufemismo. O que esses ETFs realmente medem é o Índice Global de Instabilidade.
Quando o ETF sobe 78%, não é um “ganho de capital”. É a febre do planeta. A alta significa que a diplomacia falhou, que o medo superou a esperança.
É a métrica mais honesta do estado do mundo, e ela está nos dizendo que as coisas não vão bem.
Seu Dinheiro Tem Voz (Mesmo que Você Esteja em Silêncio)
Investir não é um ato neutro. Cada real alocado é um voto:
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Em empresas de tecnologia? Você aposta na inovação.
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Em ETFs de guerra? Você vota pela crença de que o conflito é uma solução lucrativa.
A questão ESG não é sobre ser “bonzinho”. É sobre ter consciência do poder do seu voto.
O Que o Resto dos Seus Investimentos Diz Sobre Você?
O desconforto causado pelos ETFs de guerra é útil. Ele nos força a uma reflexão maior:
Se esse investimento reflete o medo, o que os seus outros ativos refletem?Uma aposta na saúde? No consumo? Na energia limpa?
A lição não é sobre um tipo de ETF. É sobre usar essa honestidade brutal para analisar toda a sua carteira.
Conclusão
Os ETFs de guerra nos dão um presente incômodo: eles removem o verniz do mercado e mostram sua natureza mais crua.
Antes de se deixar seduzir pelos 78%, olhe para o termômetro. Veja a febre que ele mede. E então, com total consciência, decida não apenas onde seu dinheiro vai, mas para onde você quer que o mundo vá.
Essa é a decisão de investimento mais importante que você jamais tomará.
Atenciosamente,
Hugo Teixeira
Consultor de Valores Mobiliários Autorizado pela CVM; Especialista de Investimentos Certificado pela ANBIMA; Trader e Investidor Profissional há 17 Anos