Caro leitor,

Imagine os Estados Unidos como um gigantesco coração financeiro.

Um coração que bombeia capital para todos os cantos do planeta.

Influenciando mercados, moedas, e a vida de investidores como você e eu.

Agora, imagine que esse coração começou a mostrar sinais de arritmia.

Um ritmo perigoso.

Quem está dizendo isso não sou eu.

É Ray Dalio.

O fundador da Bridgewater Associates, um dos maiores fundos de hedge do mundo.

Um nome que, quando fala, Wall Street escuta.

E o que Dalio disse recentemente em uma reunião com parlamentares republicanos nos EUA foi um alerta sério.

Quase um diagnóstico preocupante para esse “coração financeiro”.

Ele apontou para o déficit orçamentário americano.

O “pulso” desse coração.

Segundo Dalio, esse pulso está acelerado demais.

O déficit atingiu 6,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024.

Dalio foi claro: esse número precisa cair para 3% do PIB.

Ou menos.

Por quê?

Porque um déficit persistentemente alto funciona como colesterol nas artérias financeiras.

Ele aumenta os custos para o governo rolar sua própria dívida.

O serviço da dívida começa a consumir uma fatia cada vez maior do orçamento.

Sobra menos dinheiro para investir em áreas cruciais.

Infraestrutura.

Tecnologia.

Educação.

Coisas que impulsionam o crescimento a longo prazo.

É como um corpo que gasta toda a energia apenas para manter as funções vitais, sem força para crescer ou se fortalecer.

A mensagem de Dalio soa como um chamado à responsabilidade fiscal.

Um pedido de “dieta” para a maior economia do mundo.

Mas aqui entra a parte complicada.

Como colocar um país desse tamanho em dieta?

Dentro do próprio partido Republicano, há um cabo de guerra.

A Câmara quer um corte gigante de impostos (US$ 4,5 trilhões).

Mas propõe também cortes de gastos (US$ 2 trilhões).

Ainda assim, a conta não fecha.

O plano adicionaria trilhões ao déficit ao longo de uma década.

Já o Senado republicano parece querer uma solução “mágica”.

Querem mais cortes de impostos, mas sem cortes de gastos adicionais.

Usando o que a notícia chama de “truque orçamentário”.

Essa divergência interna mostra o tamanho do desafio.

Cortar gastos é impopular.

Aumentar impostos, também.

É o dilema clássico: como equilibrar o desejo por crescimento (estimulado por menos impostos) com a necessidade de manter as contas em ordem?

É como tentar emagrecer comendo bolo e querendo evitar a academia.

Não funciona.

E Dalio sabe disso.

Ele não está olhando apenas para os números de hoje.

Ele pensa em termos do que chama de “Big Cycle”.

O Grande Ciclo.

Dalio estudou a ascensão e queda de impérios ao longo da história.

Holanda.

Reino Unido.

E ele identificou padrões.

Um desses padrões é justamente o acúmulo excessivo de dívida.

Quando um país gasta muito além do que arrecada por muito tempo…

Quando as tensões sociais aumentam por causa da desigualdade…

Quando a capacidade produtiva não acompanha as obrigações financeiras…

O risco de instabilidade financeira e declínio aumenta drasticamente.

Ele argumenta que os EUA estão em um “momento precário” desse ciclo.

Não é alarmismo barato.

É uma análise baseada em séculos de história econômica.

“Ok, Hugo, entendi o alerta. Mas o que eu, aqui no Brasil, tenho a ver com o déficit americano?”

Tudo.

Lembre-se: o coração financeiro do mundo.

Se ele sofre uma arritmia séria, o impacto é global.

Juros americanos mais altos para financiar a dívida podem atrair capital do mundo todo, inclusive do Brasil.

Isso pode pressionar o nosso Real.

Pode encarecer o crédito por aqui.

Pode afetar o preço das commodities que o Brasil exporta.

Pode gerar volatilidade nas bolsas globais, incluindo a nossa B3.

Investimentos em renda fixa global, ações de empresas expostas ao mercado americano, o próprio dólar… tudo sente o impacto.

Ignorar o “pulso” do déficit americano é como navegar em mar aberto sem olhar a previsão do tempo.

Você pode dar sorte por um tempo.

Mas a tempestade pode te pegar desprevenido.

Então, o que fazer?

Entrar em pânico? Vender tudo?

Claro que não.

O pânico nunca é um bom conselheiro financeiro.

A lição aqui é outra.

É entender que o cenário macroeconômico global é complexo e interligado.

É reconhecer os riscos que estão no horizonte.

É, principalmente, agir com racionalidade.

Isso reforça a importância de uma carteira bem diversificada.

Uma carteira que não dependa exclusivamente do bom humor de um único mercado ou ativo.

Que tenha exposição a diferentes geografias, moedas e classes de ativos.

Renda fixa local e internacional.

Ações no Brasil e no exterior.

Talvez até ativos reais, como imóveis (via FIIs, por exemplo) ou ouro, como proteção.

É a filosofia “All Weather” (para qualquer clima) que Ray Dalio também ajudou a popularizar.

Preparar-se não para prever o futuro, mas para resistir a ele, seja qual for.

Monitorar o “pulso” da economia americana não é tentar adivinhar o próximo movimento do mercado.

É entender as forças maiores que podem influenciar todos os seus investimentos.

É tomar decisões mais informadas.

É ajustar a sua estratégia não com base no medo, mas na compreensão dos ciclos.

Crises, mesmo as grandes, também geram oportunidades.

Mudanças na política fiscal americana, se vierem, podem beneficiar certos setores e prejudicar outros.

Novas regulações podem surgir.

Quem entende a dinâmica por trás do alerta de Dalio estará mais bem posicionado para navegar nessas águas.

Seja para proteger seu patrimônio.

Seja para identificar as novas fronteiras de crescimento que podem surgir.

O alerta de Dalio não é uma sentença de morte para a economia americana.

É um chamado à ação.

Um lembrete de que mesmo os gigantes precisam cuidar da saúde financeira.

Para nós, investidores, é um sinal claro: o mundo está mudando.

E a melhor forma de enfrentar a mudança é com conhecimento, estratégia e diversificação.

Não ignore os sinais vitais da economia global.

Afinal, a saúde do seu patrimônio pode depender disso.

Atenciosamente,

Hugo Teixeira

Consultor de Valores Mobiliários Autorizado pela CVM; Especialista de Investimentos Certificado pela ANBIMA; Trader e Investidor Profissional há 17 Anos

PS: Curiosamente, Dalio acredita que esses ‘Big Cycles’ de ascensão e queda de potências levam, em média, cerca de 250 anos para se completar. Isso nos lembra que, embora as crises pareçam repentinas, as sementes delas frequentemente são plantadas décadas, ou até séculos, antes. Olhar para a história nos ajuda a entender o presente.

PS2: e se você precisar de ajuda com os seus investimentos no presente e estiver interessado em obter resultados melhores, descubra como eu posso te ajudar neste link aqui!

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