Caro leitor,

Hoje vamos falar sobre as grandes carteiras recomendadas no mercado.

E a questão é:

Elas valem à pena?

Será que a melhor maneira de aplicar é comprando e vendendo exatamente as ações que essa ou aquela casa grande de análise recomenda?

Então vamos lá.

Se você já lê o meu conteúdo há algum tempo, então você já deve saber que a minha resposta é “não”.

No entanto, dessa vez eu quero me aprofundar um pouco mais nos meus motivos para dizer isso.

Pois geralmente as minhas críticas se voltam principalmente às performances dessas carteiras em relação ao que você pode obter aplicando sozinho com um sistema de Trend Following, como o meu Sistema Senhor Mercado, por exemplo.

Mas os números exatos dos resultados das carteiras recomendadas não é o único problema.

Então vamos lá.

Em primeiro lugar, um grande problema que qualquer investidor enfrenta ao seguir uma carteira recomendada…

É que ele dificilmente conseguirá os resultados divulgados pelas carteiras.

Pois a partir do momento em que uma grande casa de análise faz uma indicação, milhares de investidores correm para comprar aquelas ações e só isso já faz o preço delas subirem.

Existem exemplos de ações que chegaram a subir mais de 4% apenas duas horas após sua indicação pela E… err. Em… hmm… uma grande casa de análise que começa com “Em” e termina com o que eles mais gostam de ferrar dos clientes.

Ou seja: para ter o resultado que as carteiras recomendadas ostentam para vender assinaturas, é preciso comprar a ação no EXATO momento em que a indicação é feita.

Qualquer imprevisto que te impeça de agir assim que a recomendação sai…

E a sua performance se tornará significativamente menor que a da carteira teórica.

E claro:

Também vale a pena lembrar que quando uma carteira recomendada faz uma indicação, normalmente é porque já é consenso no mercado que aquela ação é um bom investimento…

(É justamente por isso que as casas de análises sempre recomendam combinações ligeiramente diferentes das mesmas ações.

Veja por exemplo quais foram as ações mais recomendadas de maio de 2022: Só as ações da VALE foram recomendadas por 11 carteiras recomendadas. Já as da Petro Rio foram recomendadas por 7. E as da JBS por 5)

E quando uma ação se torna consenso de mercado invariavelmente é porque todo mundo já está comprando essa ação…

De modo que o melhor momento de comprá-la passou antes mesmo da casa de análise fazer a indicação.

Ou seja: ao seguir a carteira recomendada você chega duplamente atrasado para a festa.

Já um segundo problema em seguir uma carteira recomendada é…

Que ao fazer isso você geralmente perde AGILIDADE.

Ou seja: quando você segue uma carteira que faz atualizações de compra ou de venda mensalmente, por exemplo…

Isso invariavelmente significa que, caso o melhor momento possível para comprar ou vender tenha vindo por exemplo na metade do mês…

Você só vai receber a notícia 15 dias depois.

E esses 15 dias podem fazer uma bela diferença.

Uma diferença que de trade em trade se acumula até o ponto em que você já deixou uma fortuna na mesa porque não pôde agir exatamente na hora certa.

Então além de precisar executar a compra em questão de 2 minutos no máximo (sério), você precisa torcer para que a recomendação chegue a você logo após o analista realmente definir essa recomendação.

Se ele pensar nessa ação, compra e esperar semanas antes de recomendar, adivinha? Vai ser pior para você.

Um terceiro problema, se estamos falando de uma carteira recomendada por uma corretora, é o conflito de interesse.

Afinal, a corretora ganha principalmente com as movimentações que os clientes fazem em suas plataformas.

Então a corretora só tem a ganhar te fazendo comprar e vender ações com a maior frequência possível.

É justamente por isso que as carteiras recomendadas mudam o tempo todo, mesmo quando não há nenhum motivo aparente.

Mas o principal motivo pelo qual eu não recomendo seguir carteiras recomendadas é esse:

Quando as pessoas começam a seguir carteiras recomendadas, elas geralmente deixam de estudar a bolsa de valores e nunca se tornam capazes de aplicar sozinhas.

E isso é uma receita para a catástrofe.

Afinal, quem simplesmente segue uma carteira recomendada – sem ter nem ideia de como aquelas ações foram escolhidas – está completamente despreparado para lidar com qualquer imprevisto.

Daí, se em um mês a carteira tem uma performance baixa…

A pessoa não sabe avaliar se isso significa que a carteira está tomando decisões ruins, se é o mercado que está ficando ruim, ou se é só uma turbulência temporária.

Ou, se uma carteira faz um monte de recomendações ruins, o investidor só descobre quando é tarde demais.

Ou ainda: quando o mercado está em alta e o investidor começa a ganhar dinheiro com a carteira recomendada, ele não sabe avaliar se a carteira é boa…

Ou se está ganhando dinheiro apenas porque o mercado está em alta, mas que ele na verdade poderia estar ganhando muito mais.

Em outras palavras:

O investidor que depende de uma carteira recomendada é como uma criança indefesa que depende de um adulto que lhe mostre o caminho.

Só que os adultos disponíveis nesse caso não são seus pais e não se importam muito com você.

Isto é: se você se perder, eles não vão procurar por você.

Muito melhor é você ser um adulto, e ser capaz de encontrar o próprio caminho.

Agora, isso significa que você NUNCA deve seguir uma carteira recomendada?

Também não é o caso.

Existem algumas que são boas.

Mas não são muitas.

E definitivamente não são grandes e nem populares ou que possuem o maior número de seguidores.

No entanto, mesmo se você for seguir uma boa carteira recomendada, o que eu disse sobre você ficar indefeso continua valendo.

Então mesmo se essa for a sua escolha, não deixe de se educar.

Atenciosamente,

Hugo Teixeira

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