Caro leitor,

Experiência é um dos requisitos mais cruciais para o sucesso de um investidor.

E não podia deixar de ser.

Em uma atividade tão complexa quanto investir, é praticamente impossível você simplesmente ler alguns livros ou fazer alguns cursos e já sair fazendo tudo certo.

Claro: existem estratégias que são mais fáceis de aprender e aplicar do que outras, de modo que até um iniciante pode ter sucesso com elas logo de cara.

Mas mesmo com essas estratégias os resultados realmente bons são invariavelmente obtidos apenas por quem tem mais experiência com elas.

Podemos até dizer que na “selva dos mercados” o investidor inexperiente é a presa natural do investidor experiente.

Ou, nas palavras de Warren Buffett:

“Quando uma pessoa com dinheiro encontra uma pessoa com experiência, a que tem experiência acaba com o dinheiro e a que tem dinheiro sai com experiência”

E, no entanto…

Por mais importante que a experiência seja no mundo dos investimentos (e em qualquer outra área) …

É igualmente importante entender o outro lado da questão:

Isto é:

O fato de que a experiência também pode ser uma faca de dois gumes.

Veja só…

Pesquisas (como a de Malmendier e Nagel publicada em 2016) já demonstraram muito bem como investidores tendem a supervalorizar a própria experiência pessoal…

O que leva ao catastrófico hábito de subvalorizar fatos e dados históricos.

É por isso que investidores acostumados com juros altos tendem a manter estratégias apropriadas para investir com juros altos mesmo quando os juros caem (e vice-versa).

Já investidores que obtêm sucesso investindo em determinados ativos tendem a supervalorizar o significado desse sucesso – ignorando, por exemplo, quando ele é resultado de circunstâncias específicas e momentâneas do mercado.

E, da mesma forma, investidores que tem prejuízo com certos ativos também tendem a supervalorizar isso – ignorando, por exemplo, quando esse prejuízo foi causado por erros estratégicos e não pelos ativos em si.

Ou seja:

A sua experiência pessoal é negativa para as suas chances de sucesso quando ela te ensina preconceitos ao invés de lições.

O que infelizmente é mais do que muito comum.

“Ah, Hugo, mas comigo isso nunca aconteceu!”

Duvido!

Isso acontece com todo mundo.

Até com os melhores investidores às vezes.

Infelizmente é uma coisa que o nosso cérebro faz de forma inconsciente e automática.

De modo que a sua experiência pessoal SEMPRE te ensinará preconceitos – se você deixar.

E como então você evita isso?

Não basta ter consciência do problema.

É preciso também mudar a sua forma de tratar a sua própria experiência pessoal.

Isso significa estudar muito e estar sempre se perguntado se você está realmente sendo racional ou se está se deixando levar por algum preconceito.

Significa sempre refletir à fundo sobre a sua experiência e contextualizá-la com base em fatos e dados concretos do mercado.

Significa estudar as experiências de outros investidores e compará-las com a sua.

Ou, em outras palavras:

Você precisa pegar essa matéria bruta que é a experiência pessoal e então refiná-la no que você realmente precisa para obter sucesso:

Conhecimento.

Atenciosamente,

Hugo Teixeira

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