Caro leitor,
Você provavelmente já ouviu o provérbio:
“Melhor o diabo que você conhece do que o diabo que você não conhece”
E bem…
Isso pode ser até verdade em certas circunstâncias.
Mas se estamos falando em bolsa de valores…
Daí a coisa é um pouco diferente.
Isso é o diz não só a minha experiência pessoal, mas também a Neuroeconomia, um campo de estudo que investiga como ocorre o processo de tomada de decisões no cérebro – especialmente as decisões que envolvem risco.
Apesar de ser um campo de estudo relativamente novo (ele surgiu em meados da década de 90), ele vem trazendo insights valiosíssimos para investidores.
E um desses insights é que os perigos mais familiares frequentemente são os mais nocivos – justamente porque são subestimados.
Segundo Peter C. Oppenheimer no excelente livro “The Long Good Buy: Analysing Cycles in Markets”…
“Acadêmicos (como George Loewenstein, Scott Rick e Jonathan D. Cohen) argumentam que as pessoas reagem aos riscos de duas maneiras: de forma desapaixonada e de forma emocional.
Essa abordagem argumenta que superestimamos novos riscos que podem ser eventos de baixa probabilidade, mas subestimamos riscos que já conhecemos, embora sejam muito mais propensos a ocorrer.
Dessa forma, por exemplo, um colapso nas ações pode tornar as pessoas muito cautelosas em investir porque enfrentaram um novo risco, apesar do fato de que um novo mercado baixista é improvável.
Ao mesmo tempo, os investidores podem estar felizes em comprar ações no topo dos mercados, apesar dos avisos regulares sobre maiores valorações, porque viram aumentos de preços recentes e se sentem mais confiantes para assumir os riscos”
Ou, em outras palavras:
Na bolsa de valores o diabo que você conhece NÃO é melhor do que o diabo que você não conhece.
Na verdade, ele é bem mais perigoso – justamente porque é subestimado ou até “perdoado”.
E investir sem manter isso em mente é praticamente uma garantia de que você não será capaz de estimar corretamente os riscos dos seus investimentos.
Sendo assim a dica que eu quero te dar hoje é:
Tire um tempo para refletir e analisar as suas estratégias de investimento e se pergunte:
Será que eu estou tolerando riscos que eu não deveria?
Ou com medo exagerado de investimentos ou estratégias cujos riscos e potencial de retorno na verdade são perfeitamente apropriados para o meu perfil?
Pois se você for como a maior parte dos investidores a resposta para ambas as perguntas será “sim”.
Mas não é motivo para se desesperar.
Pelo contrário.
Afinal, se você estiver cometendo esse tipo de erro, isso significa que possivelmente dá para melhorar os seus bastante os seus resultados com apenas alguns ajustes.
Então realmente vale a pena dedicar algum tempo a isso.
Atenciosamente,
Hugo Teixeira