Caro leitor,

Vou te fazer uma pergunta que talvez nunca tenha passado pela sua cabeça:

Quem é o principal herdeiro do seu patrimônio?

Se você pensou no seu filho, na sua esposa, ou em algum parente querido…

A resposta provavelmente está errada.

Na prática, para a maioria das famílias brasileiras que não se planejam, o maior beneficiário do trabalho de uma vida inteira tem um nome bem conhecido:

O Governo.

Ele não ajudou a construir, não suou uma gota, mas está na primeira fila, de prato na mão, esperando para pegar a maior fatia possível do seu legado.

E o pior: ele acaba de anunciar que vai ficar com uma fatia ainda maior.

Hoje, quero falar sobre a “Herança Fantasma”: a parte do seu dinheiro que parece sua, mas que já está destinada a desaparecer.

A menos que você seja mais esperto.

A Bomba-Relógio do ITCMD

O ITCMD, ou Imposto sobre Herança, é basicamente o “pedágio” que sua família precisa pagar para ter acesso ao que você deixou.

E essa é a notícia que ninguém está te dando com a clareza necessária:

A Reforma Tributária já mudou a regra do jogo.

Não é uma “ameaça”.

Não é uma “possibilidade”.

É uma certeza.

A lei JÁ MUDOU, tornando obrigatório que os estados cobrem esse imposto de forma progressiva.

Isso significa que, quanto maior a herança, maior será a mordida do leão.

Hoje, em um estado como São Paulo, a alíquota é fixa: 4%.

Amanhã?

Os projetos de lei já falam em até 8%. E há quem diga que o teto pode ir para 16%.

Imagine seu patrimônio como uma barra de ouro de 10kg.

Hoje, o governo leva 400g (4%).

Amanhã, ele pode levar 800g (8%) ou até 1.6kg (16%).

A barra é a mesma.

A mordida é que será brutalmente maior.

O cronômetro está correndo, e a cada dia que passa, parte da sua herança vira fumaça.

Sua Herança é um Investimento (e Você Está Gerindo Mal)

As pessoas tratam a herança como um evento fúnebre. Um tabu. O fim da linha.

Isso é um erro colossal.

A sua sucessão é a maior e última alocação de capital que você fará na vida.

E você precisa pensar nela como um investidor.

Antecipar a doação dos seus bens em vida, hoje, é como comprar uma ação com um desconto garantido de 50% ou mais.

Você está “travando” o custo da sua sucessão no menor valor histórico, antes que o “mercado” (o governo) reprecifique esse custo para o dobro.

Não fazer nada não é uma posição neutra.

É uma aposta.

Você está apostando ativamente que o governo será mais bonzinho no futuro.

Olhe para a história do Brasil e me diga: essa é uma aposta que você realmente quer fazer com o futuro da sua família?

Ignorar isso não é prudência.

É negligência.

O Custo Emocional do “Deixa Pra Lá”

Mas o problema não é apenas o dinheiro que vai sumir.

O problema oculto é a guerra que isso pode criar.

Inventários longos e caros são uma zona de conflito familiar.

Irmãos que se amavam passam a brigar por um carro.

Bens precisam ser vendidos a preço de banana para pagar o imposto “fantasma” e as custas do processo.

O planejamento sucessório não é sobre morte.

É sobre paz.

É o seu ato final de organização, o presente que garante que seu legado não será de conflito, mas de segurança e harmonia.

O dinheiro que você “economiza” hoje por não querer pensar nisso é uma fração do que sua família gastará amanhã.

Eles pagarão com impostos mais altos, taxas de inventário e, o pior de tudo, com a paz familiar que será destruída.

No fim das contas, a escolha não é sobre pagar ou não pagar impostos.

A escolha é sobre QUANTO você vai pagar.

Você tem, neste exato momento, uma janela de oportunidade única. Uma assimetria de informação a seu favor. Você sabe que as regras vão piorar. O governo já te avisou.

Não deixe que a procrastinação e o tabu transformem o trabalho de uma vida em uma herança fantasma que só enriquece os cofres do Estado.

Seja o guardião do seu próprio legado.

Atenciosamente,

Hugo Teixeira

Consultor de Valores Mobiliários Autorizado pela CVM; Especialista de Investimentos Certificado pela ANBIMA; Trader e Investidor Profissional há 17 Anos

PS: Uma das ferramentas mais poderosas no planejamento é a doação com reserva de usufruto. Isso significa que você pode transferir a propriedade dos bens para seus herdeiros agora (travando o imposto baixo), mas continuar usando e recebendo os frutos (aluguéis, por exemplo) até o fim da vida. É o melhor dos dois mundos: economia tributária hoje, controle total para sempre.

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