Caro leitor,

No ano de 2008, me deparei com um livro de análise técnica na FNAC do Shopping Dom Pedro, em Campinas.

Era um livro de R$50 que falava de candlesticks, as famosas velas japonesas usadas para decifrar e prever os mercados.

Como eu era um iniciante na época, eu achei aquilo fascinante e caí de cabeça no assunto.

Comecei a tentar aplicar a análise dos candlesticks e por um tempo eu adorei buscar aqueles padrões para prever se uma ação teria mais chances de subir ou cair.

Eu me sentia como o Indiana Jones caçando aquelas “mensagens secretas” que podiam levar a um tesouro.

Mas as minhas aventuras com os candlesticks não durariam muito.

Passado algum tempo, eu estava cansado de tentar aplicar aqueles padrões nos gráficos para ter resultados.

Pois, por mais que eu me esforçasse, o uso desses padrões parecia simplesmente não funcionar…

Como se os padrões não tivessem uma correlação forte o suficiente com os ativos a ponto do sinal fazer qualquer diferença ou ter algum poder preditivo.

Aos poucos eu parei de olhar candles e comecei a olhar os padrões gráficos, como ombro cabeça ombro.

Naquela época eu gostava muito desse tipo de coisa.

Eu ficava horas olhando os gráficos, como um verdadeiro aventureiro arqueológico do mercado de ações.

Li até alguns livros com estatísticas sobre quando esses padrões tendem a funcionar e quanto lucro podem dar quando funcionam.

O problema é que novamente, nada disso funcionava.

Eu descobri que estava bancando o Indiana Jones não porque estava caçando mensagens secretas em busca de um tesouro…

Mas sim porque estava obcecado por relíquias antigas – tão antigas que nem funcionavam mais.

O que eu descobri é que muitos desses padrões até poderiam ter funcionado nos mercados nos quais originalmente foram usados.

Isso porque estamos falando de mercados que eram muito novos e sem sofisticação.

No entanto os tempos mudaram e os mercados se sofisticaram MUITO, de modo que hoje esses padrões raramente funcionam.

Também aprendi (por ter me ferrado confiando em livros americanos com estatísticas desses padrões) que o que funciona lá fora pode não funcionar no Brasil.

E se funcionar lá fora E aqui, pode não funcionar ao mesmo tempo ou nos mesmos mercados.

Em outras palavras:

A ideia de analisar padrões gráficos e de candlesticks é atraente pois são estratégias muito simples.

E estratégias muito simples até tem o seu mérito e às vezes são até absurdamente lucrativas, mas apenas em mercados pouco sofisticados.

Só que mercados crescem e se sofisticam.

E conforme um mercado vai crescendo…

O que era uma boa estratégia para de funcionar e os participantes do mercado precisam encontrar outro modo de investir em ações.

  • Aconteceu com padrões de candlesticks e gráficos praticamente no mundo inteiro.
  • Acontece com trend following e análise fundamentalista nos Estados Unidos.
  • E pode acontecer nos próximos 20 ou 30 anos aqui no Brasil também.

E quando esse momento chegar, você precisará entender o mercado muito bem para saber:

  • Se é apenas um momento ruim ou;
  • Se o método de operar arroz nos mercados japoneses no século 18 simplesmente não está funcionando mais como deveria.

Felizmente o Brasil é um mercado jovem, estão muitas coisas ainda funcionam bem.

Mas padrões gráficos e de candlesticks, simplesmente não estão mais com essa bola toda…

Atenciosamente,

Hugo Teixeira

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