Caro leitor,
Imagine uma festa incrível.
Mais de 1 milhão de pessoas estão lá, se divertindo muito.
A música é excelente.
A bebida é barata.
E todos parecem estar fazendo ótimos negócios, ou, pelo menos, sentindo que estão.
Agora, imagine que, do lado de fora dessa festa, existem outros 99 milhões de brasileiros.
Eles estão pagando o triplo do preço.
Para entrar numa festa muito pior, com música desafinada e bebida cara.
É quase um paradoxo, não é?
A notícia financeira da semana celebra exatamente isso: o suposto “blockbuster dos ETFs” na B3.
R$ 62 bilhões em ativos sob gestão e mais de 1 milhão de cotistas.
Números que, à primeira vista, parecem impressionantes.
Um verdadeiro estouro!
Mas a verdadeira história…
Aquela que ninguém está te contando com clareza…
É sobre por que você, e milhões de outros investidores brasileiros, provavelmente ainda estão na festa errada.
E, mais importante, quem é o “leão de chácara” na porta, garantindo que você não receba o convite para a festa certa.
Vamos desmistificar isso.
O “Blockbuster” Que (Quase) Ninguém Viu
Sim, os números são reais.
Desde 2004, quando o primeiro fundo de índice (PIBB11) foi lançado no Brasil, até junho de 2025, a B3 listou cerca de 380 ETFs, somando nacionais e BDRs de ETFs.
O patrimônio sob gestão dobrou nos últimos cinco anos.
O número de investidores de ETFs saltou de 240 mil para 1,11 milhão no mesmo período.
Parece um sucesso estrondoso, certo?
Uma revolução nos investimentos ao alcance de todos.
Mas aqui vem o choque de realidade.
Enquanto o mercado de fundos no Brasil soma cerca de R$ 9 trilhões…
Os ETFs representam aproximadamente 1% desse total.
Isso mesmo. Um por cento.
Agora, vamos olhar para os Estados Unidos.
Lá, onde o investidor tem mais acesso e o mercado é mais maduro, os ETFs já respondem por cerca de 50% da indústria de fundos.
A diferença é gritante.
É como um filme que é aclamado pela crítica.
Nota 10/10.
Mas só está em cartaz em uma única sala de cinema no país inteiro.
A pergunta não é “por que o filme é bom?”, mas sim:
“Por que tão pouca gente está assistindo?”
Ou, no nosso caso: “Por que, apesar de todo o alarde, os ETFs ainda são uma gota no oceano do mercado brasileiro?”
O Leão de Chácara do Seu Dinheiro: A Barreira Invisível
A notícia aponta os motivos para essa discrepância, mas de forma… digamos… diplomática.
Nós, na Senhor Mercado, preferimos a clareza.
A barreira que impede a maioria dos investidores de aproveitar os ETFs não é de concreto.
É uma barreira de complexidade percebida e, principalmente, de conflito de interesses.
Barreira 1: A “Sopa de Letrinhas” e o Intimidar Intencional.
A notícia menciona que o processo de compra pode ser visto como “complicado e intimidador para alguns”, exigindo o uso do home broker e lidando com uma “sopa de letrinhas” de siglas como BOVA11, PIBB11, IVVB11.
Isso pode afastar o investidor, dizem os especialistas.
Mas será que é realmente tão complexo assim?
Ou o sistema quer que você pense que é complexo?
O objetivo dessa suposta confusão é claro: te intimidar.
Te fazer sentir que “isso não é para mim”.
E, com isso, te empurrar para a solução “fácil”.
Aquela onde alguém “resolve” para você.
Mas a que custo?
Barreira 2: O Incentivo Perverso e o Conflito de Interesses.
Este é o ponto nevrálgico.
A notícia, mais uma vez com eufemismo, fala do “modelo de distribuição e os incentivos dos assessores”.
Vamos chamar pelo nome certo: conflito de interesses.
Seu assessor de investimentos, muitas vezes, é remunerado por comissão.
Ele ganha mais para te indicar um fundo de investimento tradicional.
Um fundo que cobra taxas de administração que podem chegar a 2% ao ano, e taxas de performance de 20% sobre o que exceder o CDI ou Ibovespa.
Absurdo, não?
Essas taxas abocanham uma fatia enorme do seu lucro.
Mas o assessor ganha sua comissão.
Agora, pense:
Seu assessor de investimentos já te ligou animado para recomendar um ETF que cobra 0.1% de taxa?
Ou ele só liga para oferecer o fundo “exclusivo” que paga 2%?
É como ir a um restaurante e o garçom só te recomendar os pratos mais caros.
Não porque são os melhores.
Mas porque a comissão dele é maior neles.
Com seu dinheiro, infelizmente, acontece a mesma coisa.
A Chave da Festa (Que Cabe no Seu Bolso)
ETFs não são complicados.
São, na verdade, a coisa mais simples e eficiente do mundo para a grande maioria dos investidores.
Imagine que você quer fazer uma feijoada.
Você pode ir ao mercado e comprar feijão, paio, linguiça, costelinha, um por um.
Escolher a marca, o corte, negociar os preços (como montar uma carteira de ações diversificada).
Ou você pode, de forma muito mais simples e rápida, comprar um “Kit Feijoada” pronto.
Com tudo dentro.
Por um preço muito menor.
O ETF é o seu “Kit de Investimentos”.
Simples. Diversificado. E, o mais importante, barato.
Um ETF do Ibovespa, por exemplo, te dá exposição às maiores empresas do Brasil com uma única compra.
Com uma taxa de administração irrisória, que muitas vezes é inferior a 0,10% ao ano.
Compare isso com fundos de ações que te cobram 2% ao ano para (muitas vezes) perderem para o próprio Ibovespa.
A simplicidade e a eficiência são inegáveis.
Mesmo com a taxa Selic ainda elevada (15% ao ano, atraindo investimentos para renda fixa conservadora), os ETFs continuam sendo uma opção racional para quem busca diversificação e eficiência de custos na renda variável.
Eles são a prova de que não é preciso complicar para ter bons resultados.
Muito pelo contrário.
O Convite Está Feito: Ignore o Segurança
A próxima vez que você ler uma notícia sobre o “boom” de um investimento…
Não se pergunte apenas “quantos entraram?”.
Vá além.
Pergunte-se: “quantos ainda estão de fora, e por quê?”
A verdadeira revolução nos investimentos não será sobre criar produtos cada vez mais complexos e caros.
Será sobre derrubar os “leões de chácara” que te impedem de acessar o que é simples, barato e, comprovadamente, eficiente.
O convite para a boa festa já foi feito.
Ele se chama ETF.
Agora, você só precisa ignorar o segurança na porta e entrar.
Atenciosamente,
Hugo Teixeira
Consultor de Valores Mobiliários Autorizado pela CVM; Especialista de Investimentos Certificado pela ANBIMA; Trader e Investidor Profissional há 17 Anos
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